Aprendiz de caçador
André sempre foi um menino esperto e levado. Morando no interior não tinha medo de nada: nem
de altura, nem de fantasma. Banhava nos riachos , andava pelas matas, subia nas árvores. Seus pés eram ligeiros, prontos para andar ou correr por cima de paus e lajeiros. O rosto vermelho do sol emendava com o resto do corpo, pois só andava de bermuda e chinelos pendurados no pescoço. Seu amigos inseparáveis eram um cofo e uma baladeira. Estes sempre lhe ajudavam a comer o que não tinha na prateleira.
Porém certo dia, as coisas não sairam como de costume. Ele foi pego no flagra pelo caseiro da fazenda Olhos d'água. Chegou em casa correndo e pálido da cor de jaca. Sua mãe num susto perguntou o que se passava, se por acaso ele havia visto um fantasma.
Passado o susto do primeiro dia, André voltou a se aventurar na mata e não resistiu em entrar novamente na fazenda Olhos d'água. Mas dessa vez ele não teve como fugir. O caseiro armou-lhe uma arapuca e perguntou o que ele fazia ali. André disse que estava numa perseguição. Disse que era aprendiz de caçador. Viu na mata um disco voador e saiu sem rumo a entrar pelos fundos dando de cara com o sinhô.
O homem encabulado, olhava atravessado, queria saber que estória era essa de correr que nem conversa pela fazenda do seu nhonhô.
O menino, que não cochila e nem foje da risca, começou a contar, de olhos esbugalhados, a estória de uma faísca que viu de longe, mais forte que luz de lamparina. Disse que além da luminosidade ,viu uma miragem no meio das folhagens indo em direção ao casarão, por isso não perdeu tempo. Pegou a baladeira, armou munição, levantou um lado do calção e correu atrás do lampejo sem se preocupar com a direção.
E disse: "Foi aí que o sinhô apareceu, e por falta de sorte a luz se perdeu".
O homem com cara de assustado indagou: "e agora, muleque, o que vamos fazer pra encontar o ET?"
O menino, sorrindo de canto, disse que num ficasse assustado, pois com ele do lado, tudo ficaria estabilizado.
O homem com as mãos na cintura, pendeu a cabeça pra trás e foi no rastro do rapaz.
Olharam ao redor da casa, chamaram o cachorro Fumaça e pegaram a espingarda.
Agora a aventura estava armada. Não era só mais ele que agora procurava e se embrenhava nas matas. O menino havia encontrado um companheiro de caça.
Comentários
Postar um comentário