O dia que conheci Papai (Noel) do Céu.

 Sempre ouvi ,na minha infância, falar sobre as aventuras do Papai Noel. Um velhinho barrigudo, de barbas brancas e compridas que se vestia de vermelho e branco -  guiava um trenó puxado por renas- e  levava um saco enorme de presentes. 

Eu, com meus 7 anos de idade, fantasiava cada peripécia dele e sonhava em um dia ficar frente a frente com ele. Sabia que ele aparecia uma vez ao ano, possivelmente na data de 25 de dezembro.

Minha tia caçula me contava diversas histórias e dizia que para eu ganhar um presente, deveria ser uma menina bem obediente. Assim eu me esforçava ao máximo para cumprir cada solicitação.

 A semana do Natal era diferente. Todos em casa começavam a se organizar, fazer planos de decoração, de festa, de pratos deliciosos e bebida à vontade. O clima mudava. Um cheiro de esperança e amor estava no ar. Sorrisos eram dados aos montes. E eu não tirava os olhos do céu, na esperança de ver o trenó do Papai Noel. 

Numa dessas noites minha tia disse que eu deveria querer muito vê-lo. E precisava ficar atenta quando olhasse para o céu. Então, sozinha, fui para o quintal da casa de minha vó. Lá havia um pé de acerola próximo ao muro. A noite estava linda, clara com o céu repleto de estrelas brilhantes e uma lua gigante. Não precisava nem ligar a luz do quintal. Fiquei em pé, junto a árvore, olhei para aquele céu, e nada. Cansada, coloquei-me de cócoras e passei a admirar aquele céu limpo na expectativa de ver o bom velhinho. No entanto, ele não pareceu. 

Mas essas desventuras não me desanimaram. Eu assistia a todos os filmes natalinos da Sessão da tarde. E isso só aguçava minha imaginação. Assim eu acreditava que ele estava muito ocupado produzindo e entregando presentes para todas as crianças do mundo. E uma hor ou outra,  a ele passaria pelo céu do Brasil. 

Na noite do dia 24, íamos para a casa de minha tia primogênita. Ela fazia questão de comandar a festa pra toda a  família. A casa ficava lotada de filhos e sobrinhos. Acredito que isso a deixava muito feliz, completa, pois lá no fundo do coração , toda tia é uma mãezona em potencial. Bom, a casa ficava cheia e a recomendação dela era que: Papai Noel só deixaria o presente, se  nós dormíssemos cedo. 

Lá estavamos nós, montoados um perto do outro, dividindo as camas e até o chão. O quarto ficava lotado de crianças. 

Dormíamos ou fingiamos que estávamos dormindo. Quando já era dia, abríamos os presentes. Cada criança com seu brinquedo, tudo uma novidade. Os espaços da casa ficavam pequenos para tanta garotada. Cada um  brincando com seu carro,  bola, boneca,  e esbarrando em embalagens de presentes espalhadas por todo lado.

Desse modo fui crescendo, me divertindo, sonhando, acreditando, porém nunca vi Papai Noel. Hoje no auge da maturidade percebi que existe mesmo é o Papai do céu.  Aquele da oração do Pai Nosso. Não entendo porque trocaram o nome dele e o lugar onde mora. O primeiro mora no Pólo Norte e o segundo habita no céu. 

Após essa descoberta, continuo olhando para o céu e não procuro vê-lo, pois aprendi que ele mora dentro da gente também. E que ele está presente em tudo o que criou: no céu, nas estrelas, no sol, no mar, na natureza e tudo isso é bem maior que trenó; e que  Ele está presente todos os dias e não uma vez ao ano, embora a data do dia 25 seja uma festa inesquecível e linda de se ter. O importante é viver e levar sorrisos e esperança para quem não crer.



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